Um novo estudo indica que o cérebro pode envelhecer mais rápido ou mais devagar do que o corpo, dependendo de fatores ligados ao modo como cada pessoa vive e lida com o estresse ao longo do tempo.
A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, e indica que comportamentos do dia a dia podem estar ligados a cérebros que aparentam ser até oito anos mais jovens do que a idade cronológica. O estudo acompanhou adultos de meia-idade e idosos e reforça a ideia de que o envelhecimento cerebral não é um processo totalmente fixo ou fora de controle.
Segundo os autores, aspectos como a maneira de lidar com desafios, a qualidade do sono e a rede de apoio social ao redor de cada pessoa ajudam a influenciar a saúde do cérebro ao longo do tempo. Esses efeitos, segundo a equipe, permanecem relevantes mesmo entre indivíduos que convivem com dor crônica.
Hábitos que ajudam a manter o cérebro jovem
Sono regular e de boa qualidade;
Maneiras mais saudáveis de lidar com o estresse no dia a dia;
Manutenção de vínculos sociais próximos e apoio emocional;
Atitudes mais otimistas diante de desafios cotidianos;
Evitar o tabagismo;
Cuidar do peso corporal e da saúde metabólica;
Maior frequência de emoções positivas.
Como os pesquisadores avaliaram o envelhecimento do cérebro
Publicado na revista Brain Communications em 11 de setembro, o estudo acompanhou 128 participantes ao longo de dois anos. A maioria tinha dor musculoesquelética crônica relacionada à osteoartrite do joelho ou apresentava risco de desenvolver o problema.
Durante o período de acompanhamento, os voluntários realizaram exames de ressonância magnética, que foram analisados com o apoio de modelos de aprendizado de máquina. A partir dessas imagens, os cientistas estimaram a chamada idade cerebral e compararam esse resultado com a idade cronológica de cada participante.
A diferença entre esses dois valores funcionou como um indicador geral da saúde do cérebro. Quanto maior a distância entre a idade real e a idade estimada do órgão, maior o sinal de envelhecimento acelerado. Já quando o cérebro parecia mais jovem do que o corpo, o resultado foi interpretado como um indício de maior proteção neurológica.
No início da pesquisa, fatores como dor persistente, menor renda, baixa escolaridade e desvantagens sociais estavam associados a cérebros com aparência mais envelhecida. Com o passar do tempo, porém, essas relações perderam peso.
O que mais influenciou o ritmo de envelhecimento cerebral
Ao longo dos dois anos de acompanhamento, comportamentos ligados à saúde mostraram uma associação mais consistente com cérebros de aparência mais jovem. Os participantes que reuniam mais fatores protetores começaram o estudo com cérebros que aparentavam, em média, oito anos a menos do que a idade real e seguiram envelhecendo de forma mais lenta.
Para os autores, o achado reforça a ideia de que a saúde cerebral resulta da combinação de diversos fatores que atuam em conjunto. Cada elemento positivo incorporado à rotina parece contribuir, mesmo que gradualmente, para preservar o funcionamento do cérebro.
Os pesquisadores lembram que, com o avanço da idade, o cérebro se torna mais vulnerável a condições como declínio cognitivo, demência e doença de Alzheimer. Por isso, analisá-lo como um sistema integrado, e não apenas por regiões isoladas, ajuda a compreender melhor como experiências de vida, estresse e condições de saúde afetam redes neurais inteiras.
Embora o estudo tenha se concentrado em pessoas com dor crônica, a equipe avalia que os resultados podem ser relevantes para um público mais amplo. A principal mensagem é que escolhas cotidianas deixam marcas mensuráveis no cérebro e que esses efeitos tendem a se acumular ao longo do tempo.
Fonte: Metrópoles
Foto: Reprodução

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