Defesa de Cupertino afirma em júri por homicídios: “motivo não é prova”

Polícia Civil/Reprodução

A defesa de Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e os pais dele em junho de 2019, começou a exposição da defesa no Tribunal do Júri, nesta sexta (30/5), pedindo para que os jurados não se prendam à personalidade do réu para decidir pela culpa ou absolvição.

O julgamento está no segundo dia e acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Nesta sexta, ocorrem os debates entre defesa e acusação. Na quinta (29/5), em interrogatório, o acusado negou ter cometido o crime.

“Não cedam à pressão externa, não cedam ao que os senhores ouviram ao longo dos anos. Se atentem ao que será apresentado”, afirmou a advogada Juliane Santos de Oliveira.

A defensora enfatizou que “motivo não é prova”, se referindo à imagem construída pela acusação, de que o réu é agressivo e obsessivo.

Justificativas para o tempo em que esteve foragido

Cupertino fugiu logo após o crime, em 9 de junho de 2019. De acordo com as investigações, o acusado se escondeu em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, e no Paraguai – o que fez com a ajuda de dois amigos, Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado, que também são réus no processo por terem auxiliado na fuga.

Ele permaneceu foragido por quase três anos, até ser encontrado pela polícia, após denúncia anônima, em um hotel na Avenida Interlagos, na zona sul de São Paulo, em 16 de maio de 2022. Na ocasião, o acusado portava objetos de disfarce, como uma bengala, tintura de cabelo e chapéus.

O promotor Thiago Alcocer Marin, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), usou do fato para apontar ao Conselho do Júri uma possível responsabilidade de Cupertino no cometimento dos homicídios.

Em resposta, a defesa do réu afirmou que Cupertino permaneceu foragido por medo de retaliações, uma consequência do “linchamento midiático, que podem acabar com a vida de uma pessoa”, disse Juliane.

Relembre o crime

O triplo assassinato aconteceu em 2019 em Pedreira, na zona sul da capital paulistana. De acordo com denúncia do MPSP, Paulo Cupertino matou o ator Rafael Miguel, que na época tinha 22 anos, o pai dele, João Alcisio Miguel, de 52, e a mãe, Miriam Selma Miguel, de 50, porque não aceitava o namoro do jovem com a filha dele, Isabela Tibcherani, na época com 18 anos.

Os pais do ator estavam no local porque queriam conversar com Cupertino sobre o namoro dos filhos.Segundo a denúncia, Cupertino disparou 13 vezes contra as vítimas. Depois do crime, fugiu para Mato Grosso do Sul e, em seguida, para o Paraguai. O acusado foi preso na mesma região onde o crime ocorreu, escondido em um hotel, em maio de 2022.

Em denúncia, o MPSP acusou o empresário de triplo homicídio qualificado. A pena para homicídio qualificado no Brasil é de 12 a 30 anos de reclusão. Para o advogado de Isabela, Guilherme Wiltshire, Cupertino deve ser condenado pelo Tribunal do Júri, e sentenciado a quase 100 anos de prisão.

FONTE: METROPOLES