Em nossa primeira conversa por aqui, mostrei que você só tem 21,7% do seu tempo. Se você não sabe ou não lembra disso, pode dar uma olhadinha aqui. Obviamente, o cálculo dos 21,7% é uma licença poética. Conta a história de que devemos viver a vida de modo a aproveitar o pouco tempo que temos. Mas essa é uma generalização. Porque a desigualdade de renda, e com ela a desigualdade de oportunidades e de resultados, faz com que nem todo mundo tenha as mesmas 24 horas no dia.
Se você precisa tomar cinco ônibus para chegar ao seu trabalho; se o seu trabalho exige muito mais do que o esforço intelectual; se sua profissão é mais desgastante do que a média, ao longo tempo; isso tudo vai afetar não só a sua expectativa de vida, mas também a qualidade do tempo que você tem. O acesso à saúde, educação, segurança e oportunidades de crescimento pessoal e profissional são drasticamente diferentes dependendo de onde nascemos e das condições em que crescemos. Pois é, nem todo mundo tem as mesmas 24 horas.
de tempo deve ser observado do ponto de vista do indivíduo. Quando uma sociedade se recusa a pagar um salário maior para um faxineiro, estamos dizendo que o que ele estava abrindo mão, ao ter que trabalhar muito mais para se sustentar, o seu tempo que sobra, vale menos do que o dos outros trabalhadores.
Em nossa primeira conversa por aqui, mostrei que você só tem 21,7% do seu tempo. Se você não sabe ou não lembra disso, pode dar uma olhadinha aqui. Obviamente, o cálculo dos 21,7% é uma licença poética. Conta a história de que devemos viver a vida de modo a aproveitar o pouco tempo que temos. Mas essa é uma generalização. Porque a desigualdade de renda, e com ela a desigualdade de oportunidades e de resultados, faz com que nem todo mundo tenha as mesmas 24 horas no dia.
Em um muro cinza, crianças de empoleiram utilizando escadas de diferentes tamanhos, tentando passar para o outro lado, são a ilustração de que nem todo mundo tem as mesmas 24 horas
A desigualdade de oportunidades define quem tem mais tempo de vida (Foto: IA)
Se você precisa tomar cinco ônibus para chegar ao seu trabalho; se o seu trabalho exige muito mais do que o esforço intelectual; se sua profissão é mais desgastante do que a média, ao longo tempo; isso tudo vai afetar não só a sua expectativa de vida, mas também a qualidade do tempo que você tem. O acesso à saúde, educação, segurança e oportunidades de crescimento pessoal e profissional são drasticamente diferentes dependendo de onde nascemos e das condições em que crescemos. Pois é, nem todo mundo tem as mesmas 24 horas.
O custo da falta de tempo deve ser observado do ponto de vista do indivíduo. Quando uma sociedade se recusa a pagar um salário maior para um faxineiro, estamos dizendo que o que ele estava abrindo mão, ao ter que trabalhar muito mais para se sustentar, o seu tempo que sobra, vale menos do que o dos outros trabalhadores.
Escassez de dinheiro atrapalha até a nossa racionalidade
O historiador David Bregman disse: “a pobreza não é falta de caráter, é falta de dinheiro”, uma frase que resume bem a ideia de que a pobreza é uma questão de recursos financeiros, e não de falhas morais. Muitas pessoas associam a pobreza a más decisões que uma pessoa pode ter tomado na sua vida, mas estudos mostram que a escassez de dinheiro ocupa tanto espaço mental que prejudica a capacidade de tomar boas decisões. Isso cria um ciclo vicioso onde a falta de recursos torna mais difícil escapar da pobreza.
Um estudo feito por pesquisadores de Harvard e Princeton, publicado na revista Science, mostrou que a escassez financeira pode diminuir o QI de uma pessoa em até 13 pontos. Isso é equivalente a perder uma noite inteira de sono ou estar sob o efeito de álcool. O livro deste dois autores, em tradução livre é “Escassez: por que ter tão pouco significa muito?”. A escassez afeta a mente e o comportamento das pessoas. Por que isso acontece? Viver constantemente preocupado com dinheiro ocupa muito espaço na mente. As pessoas gastam tanta energia pensando em como pagar as contas e resolver problemas imediatos que têm menos energia mental para outras tarefas, como planejar o futuro ou tomar decisões complexas.
Más decisões são consequência da pobreza, não a causa
Você consegue se lembrar de algum momento em que a grana estava difícil e, por isso, a mente parecia um computador sobrecarregado e lento? Não é falta de inteligência, mas o efeito da mentalidade de escassez. E é esse efeito que explica por que nem todo mundo tem as mesmas 24 horas. A sobrecarga nos tira tempo, paz de espírito e, em última instância, vida.
A pesquisa desses autores sugere que as más decisões frequentemente atribuídas aos pobres são, na verdade, consequência da pobreza. Isso inverte a visão tradicional de que a pobreza é resultado de más decisões. Na verdade, é a pobreza que causa a pressão mental que leva a essas más decisões. A pobreza é muito cara, porque ela é um desperdício de potencial humano. As implicações destas descobertas estão levando diversos pesquisadores a argumentar a favor de programas de renda básica universal. O que pode ser uma evidência de que estamos, ao menos, caminhando neste debate.
Fonte: RicTv
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