Um laudo pericial da Polícia Federal (PF) revelou que Francisco Wanderley Luiz, responsável pelas explosões ocorridas na Praça dos Três Poderes na última quarta-feira (13), segurava um artefato explosivo próximo à própria cabeça no momento da detonação. O incidente resultou na morte do homem de 64 anos.
O relatório técnico descreve que as lesões observadas no corpo da vítima indicam a proximidade do artefato em relação à cabeça.
"O agente causador do dano na cabeça possuía grande energia cinética, combinando ações térmica e contundente, com efeito expansivo (blast primário) que provocou a inversão dos fragmentos nas bordas", diz o documento. Além disso, foram identificadas múltiplas fraturas e amputações na mão direita, corroborando a hipótese de que a vítima segurava o explosivo. "Essas regiões estavam próximas no momento da explosão", conclui o laudo.
Desenho na camiseta
Francisco Wanderley Luiz, que era filiado ao PL, trajava uma camiseta estampada com a imagem de uma pessoa empurrando uma peça de dominó, desencadeando a queda de uma longa fileira. Segundo investigadores, "a escolha do vestuário pode ser interpretada como uma tentativa deliberada de transmitir uma mensagem visual, possivelmente em alusão ao início de um processo de desestabilização ou ruptura." Essa análise se alinha à interpretação de que Francisco buscava reforçar simbolicamente as intenções por trás de suas ações.
A figura estampada na camiseta, apontaram os investigadores, "representa uma metáfora comum para a ideia de que pequenas ações podem desencadear consequências em larga escala." Eles destacaram que essa analogia aparece frequentemente em discursos extremistas ou em contextos que desafiam a ordem estabelecida. Assim, não se descarta que o traje tenha sido escolhido como forma de amplificar a mensagem simbólica do atentado, especialmente considerando o local estratégico onde as explosões ocorreram.
Esse detalhe do vestuário soma-se ao perfil traçado pela polícia, que incluiu mensagens enviadas previamente e o planejamento do ataque. Para as autoridades, "a combinação da camiseta com os explosivos que carregava sugere que Francisco pretendia não apenas realizar o atentado, mas também deixar uma mensagem visual e simbólica." Isso reforça a hipótese de que o ato visava impactar tanto os presentes quanto os que viessem a acompanhar o caso posteriormente.
Atentado e momentos finais
Francisco tentou acessar o STF pouco antes da explosão. Ele carregava uma mochila com artefatos explosivos, que chegou a acionar em frente à estátua da Justiça. Testemunhas relataram que, após lançar artefatos no local, ele deitou-se no chão e pressionou o explosivo contra a cabeça, detonando-o.
Mensagens de WhatsApp enviadas por Francisco antes do ocorrido revelaram a intenção de praticar autoextermínio e um atentado contra instituições. Ele também foi visto acenando para pessoas nas proximidades momentos antes do primeiro estrondo. Em um relato à Polícia Civil, um segurança do STF contou que o homem abriu a camisa, exibindo o que parecia ser um dispositivo explosivo preso ao corpo.
Repercussão e investigação
A explosão de Francisco ocorreu cerca de 20 segundos após outra detonação, envolvendo um carro estacionado entre o STF e o Anexo IV da Câmara dos Deputados. O veículo, que continha fogos de artifício e tijolos, pertencia ao próprio Francisco, cuja placa era registrada em Santa Catarina.
A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o caso. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, esteve em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do STF para discutir o incidente. A área foi isolada, e equipes antibombas realizaram varreduras em busca de outros artefatos.
Clima de tensão
No momento das explosões, as sessões de plenário da Câmara e do Senado foram suspensas, e os ministros do STF, que já haviam encerrado seus trabalhos, foram retirados em segurança. A Esplanada dos Ministérios foi fechada, e a segurança no Palácio do Planalto será reforçada.
O episódio deixou testemunhas assustadas. "O barulho foi muito alto, e o pessoal saiu correndo", relatou Layana Costa, funcionária do Tribunal de Contas da União, que estava próxima ao local. Carlos Monteiro, dono de um food truck na região, descreveu o momento em que o carro de Francisco começou a pegar fogo antes da explosão.
As motivações exatas para o ataque e os possíveis desdobramentos continuam sendo investigados pelas autoridades.
Fonte: G1
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