Mulher identifica câncer de pele em pinta após médicos desacreditarem do diagnóstico

Foto: Arquivo pessoal

A nutricionista Giane Martinez Aguiar, de 55 anos, sempre foi muito preocupada com a própria saúde e atenta aos sinais dados pelos corpo. Entre estes cuidados, ela adotou desde cedo o hábito de observar com atenção as manchas de sua pele. Isso permitiu que ela identificasse muito cedo os sinais preocupantes de uma pinta no tornozelo, mas demorou a achar médicos que dessem crédito à preocupação de que aquela pequena mancha pudesse ser um câncer de pele.

A pinta se revelou, no início deste ano, um melanoma — a forma mais agressiva de tumores na pele —, mas só foi identificada quando Giane foi a um terceiro dermatologista em busca de opinião. “Quando os dermatologistas falaram que não era nada, eu não acreditei porque nessa região ela coçava. Como eles tinham certeza que não era nada se nem usaram o dermatoscópio, não fizeram o exame corretamente? Então eu não acreditei no diagnóstico deles”, lembra.

As preocupações de Giane eram grandes, já que não era a primeira vez que ela encarava as suspeitas de um câncer de pele. Ela já retirou uma mancha que havia mudado de cor e formato na perna, próximo ao tornozelo, em 2016. Na época, a biópsia da pequena pinta não indicou gravidade e a situação pareceu resolvida.

Sete anos depois, porém, na mesma região surgiu uma nova pinta pequena e clara, que começou a crescer. A nutricionista sabia que aquele era um sinal preocupante, mas quando começaram as coceiras na região, em 2024, suas preocupações ficaram ainda maiores e ela começou a procurar dermatologistas para um diagnóstico. Giane, porém, não se sentiu tranquila com as negativas dos médicos.

“Eu procurei esse terceiro porque já era um dermatologista de confiança e isso me permitiu pedir que ele fosse mais cuidadoso. Ele usou o dermatoscópio, pediu a biópsia, então agiu de forma diferente dos outros dois”, destaca. O resultado da biópsia chegou e, mesmo que Giane tenha ativamente buscado monitorar suas suspeitas de câncer de pele, ficou chocada quando o quadro se confirmou como um dos mais graves diagnósticos de câncer de pele.

O resultado chegou dez dias depois confirmando melanoma maligno. A notícia foi um choque, embora o histórico familiar de Giane contribuísse para os riscos: uma prima havia morrido jovem por melanoma diagnosticado tardiamente e a irmã já enfrentara dois casos deste tumor grave. Graças ao cuidado de Giane, porém, o câncer foi identificado em estágio inicial e considerado superficial pelos médicos.

“Sempre me protegi, nunca fiquei muito exposta ao sol. Mas amo andar de bike. Eu andava de bicicleta quase uma hora por dia e sempre passei protetor solar, mas às vezes molhava meus pés na água da praia e não voltava a passar o protetor. Acho que foi esse o meu único descuido, mas como a mancha surgiu bem no tornozelo, essa área descoberta, foi a explicação que encontrei”, afirma a nutricionista.

Em novembro de 2025, Giane passou por cirurgia no Hospital Sírio-Libanês para a retirada do tumor. O cirurgião fez um corte vertical maior para evitar a necessidade de enxerto de pele. A recuperação foi extremamente rápida. “Fiquei no hospital só de um dia para o outro, sem poder colocar o pé no chão por causa da cicatriz, que ficou grande”, lembra.

A recuperação exigiu repouso por três semanas e monitoramento médico semanal para os curativos. “Já voltei às atividades normais. O único monitoramento é a visita anual ao dermatologista e a dermatoscopia a cada seis meses. Deu tudo certo. Graças a Deus estou bem”, destaca Giane. “Se tivesse acreditado nas primeiras consultas, talvez a história fosse outra. A intuição me salvou. E a informação correta também”, completa.

O câncer de pele — inclusive os do tipo melanoma — é causados principalmente pelo acúmulo de danos na pele provocados pela radiação ultravioleta do sol. Em geral, ele aparece no corpo como manchas marrons ou pretas com bordas irregulares. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 8,9 mil brasileiros são diagnosticados com esse tipo de tumor todos os anos.

A doença do tipo melanoma costuma atingir camadas mais profundas da pele e corre o risco de gerar metástases, ou seja, atingir outras partes do corpo. Por isso é considerado o tipo mais agressivo.

“Protetor solar é a medida mais eficaz para reduzir o dano causado pelos raios ultravioleta, principais responsáveis pelo desenvolvimento de câncer de pele, incluindo melanoma. Mesmo em dias nublados, a radiação atravessa as nuvens e se acumula na pele ao longo da vida”, explica a oncologista Marina Sahade, do Hospital Sírio-Libanês.

O risco de melanoma está diretamente ligado ao histórico de exposição solar, sobretudo aquela intensa e intermitente da infância e adolescência. Cada queimadura eleva a chance de dano irreversível no DNA das células, e o efeito da radiação é acumulativo ao longo da vida.

“É essencial que cada pessoa conheça a própria pele para perceber mudanças. Pintas novas ou que mudaram merecem atenção, seguindo a regra do ABCDE: assimetria, bordas irregulares, cor variável, diâmetro maior que 6 mm e evolução”, diz Marina.

O mais importante é escolher protetor solar com FPS 30 ou maior e verificar a proteção radiação ultravioleta A (UVA) no rótulo. UVA penetra mais profundamente e participa do melanoma. Fatores mais altos podem ser mais adequados para pele clara, pessoas com histórico familiar de câncer de pele ou em momentos de alta exposição.

Fonte: Metrópoles