O cirurgião plástico Hosmany Ramos, 79 anos, foi condenado a 10 anos e 5 meses de prisão por tentativa de homicídio em Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina. A vítima foi atingida por um tiro no rosto enquanto levava o médico visitar um terreno que estava à venda. O crime ocorreu em 1º de maio deste ano e o júri popular foi realizado na quarta-feira (11), em uma sessão que durou 13 horas.
Conhecido na década de 70 pela série de crimes cometidos, que vão de uso falso de documentos a roubo de avião, e que lhe renderam 46 anos de prisão, dos quais passou 35 na cadeia, recebeu o indulto pleno do presidente da República em setembro 2016. Depois disso, voltou a atuar na medicina.
Conhecido como “perdão”, o indulto possibilitou ao médico o direito a um novo registro profissional. A defesa de Ramos informou que ele estava atuando regulamente em Porto Alegre (leia abaixo).
Foi em Porto Alegre, inclusive, que o médico conheceu a esposa da vítima da tentativa de homicídio. No depoimento dela durante o processo, afirmou que o conheceu na capital catarinense usando o nome de Hugo Pitanguy e não como Hosmany Ramos, quem é de verdade (leia mais abaixo).
À ela, consta no processo, o médico havia comentado sobre o interesse de investir em imóveis no litoral catarinense. Assim ela indicou o marido, que era autônomo, para auxiliá-lo.
Tentativa de homicídio
Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), no dia em que Ramos cometeu a tentativa de homicídio, ele estava dentro do carro da vítima, que o levava para mostrar um terreno em Itajaí para uma possível compra.
Durante o trajeto, segundo o processo, Ramos teria pedido que o vendedor parasse o carro para ele urinar. Ao retornar ao veículo, o médico teria atirado contra a vítima, que conseguiu desarmar Ramos, com a ajuda de outra pessoa que passava pelo local. O réu está preso desde então e a vítima sobreviveu.
Procurada pelo g1, a defesa do médico no processo disse que houve um tiro acidental e que não houve motivação para qualquer crime. Em nota, o advogado Gustavo da Luz afirmou que o “contexto relatado pela acusação não encontra respaldo nas provas técnicas do processo (leia mais abaixo)”.
Segundo o promotor de Justiça José da Silva Junior, o médico também foi condenado por falsa identidade pois tentava esconder o passado criminoso, e se “apresentava com um sobrenome bastante famoso na área da medicina, buscando, assim, obter vantagens e ganhar credibilidade”.
Continua após a publicidade
“Credibilidade esta que, por escolhas trágicas ao longo de sua vida, ele acabou por derrubar”, destacou o Promotor de Justiça.
Quem é o médico
Hosmany Ramos se formou em medicina no Rio de Janeiro. Preso desde 1981 no interior paulista, o médico fugiu pela primeira vez em 1996 de uma penitenciária de São Paulo, após ser beneficiado pela saída de Natal, escapada que repetiria no fim de 2008.
Enquanto estava foragido, escreveu livros em que relatava a vida e a permanência na prisão, e acabou preso em 2009 na Europa, com passaporte falso do irmão morto. Na Islândia, ele disse à reportagem do g1 que estava em uma prisão que era “um verdadeiro hotel”. Ele pediu refúgio político na Islândia alegando que o sistema penitenciário do Brasil era desumano.
Em 2018, Hosmany Ramos se lançou candidato a deputado federal por São Paulo, pelo Avante. A Justiça Eleitoral, no entanto, barrou a candidatura por ausência de requisito, conforme as informações que constam no sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais (Divulgacand).
Em 9 de fevereiro de 2023, o médico foi autuado em um inquérito policial, suspeito de furtar um celular Samsung Galaxy S20, avaliado em R$ 2,5 mil dentro de um mercado no Tocantins.
Fonte: G1
0 Comentários