O Irã anunciou nesta segunda-feira que atacou as forças americanas estacionadas na base aérea de al-Udeid, no Catar — a maior instalação militar dos Estados Unidos no Oriente Médio, que funciona como quartel-general avançado do Comando Central dos EUA (CENTCOM, na sigla em inglês). A informação foi transmitida pela televisão estatal da República Islâmica ao som de música marcial, com uma legenda na tela descrevendo a ação como "uma resposta poderosa e bem-sucedida das Forças Armadas do Irã à agressão" de Washington, que atacou instalações nucleares iranianas no fim de semana. Segundo um alto funcionário da Casa Branca citado pela Reuters, autoridades americanas se reúnem neste momento na Sala de Situação para abordar o ataque iraniano.
A ameaça contra al-Udeid vinha sendo monitorada desde o meio-dia desta segunda-feira, segundo relato de um diplomata à agência Reuters. Um alto funcionário da Casa Branca também afirmou à Bloomberg que Washington acompanhava de perto o que até então era tido como “ameaças potenciais”. Imagens de satélite divulgadas pelo site Business Insider mostram que os EUA já tinham retirado a maior parte de suas aeronaves estacionadas fora de hangares na base nos últimos dias.
Mais cedo, o Catar havia anunciado a suspensão temporária do tráfego em seu espaço aéreo “para garantir a segurança de cidadãos, residentes e visitantes”, segundo comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores do país. O Departamento de Estado americano também havia orientado os cidadãos dos EUA presentes no Catar a permanecerem em locais seguros “por extrema precaução”.
Não houve registros de vítimas após os ataques do Irã à base aérea. A informação foi confirmada por duas autoridades dos EUA à agência Reuters. Segundo essas fontes, os ataques iranianos foram com mísseis de curto e médio alcances. Além disso, disseram que nenhuma outra base militar americana foi atacada além de al-Udeid.
A retaliação iraniana ao ataque americano no fim de semana representa uma escalada mais significativa do que a resposta ao assassinato do general Qassem Soleimani em 2020, quando Teerã optou por bases menos estratégicas no Iraque e na Síria. Segundo três autoridades iranianas citadas pelo New York Times, o Irã teria avisado o Catar e os EUA antes do ataque contra a base militar em Doha para minimizar danos humanos. Ainda assim, o governo catari condenou o ocorrido e sinalizou que poderá responder:
— O Catar reserva o direito de responder diretamente, de forma equivalente à natureza e à escala desta agressão descarada, em conformidade com o direito internacional — disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al-Ansari, acrescentando que “as defesas aéreas conseguiram frustrar o ataque e interceptar os mísseis iranianos”.
A República Islâmica, que havia prometido uma resposta “proporcional e decisiva” aos ataques americanos, afirmou que sua ofensiva contra a base aérea de al-Udeid correspondeu ao número de bombas lançadas pelos Estados Unidos em instalações nucleares iranianas no fim de semana, sinalizando uma possível intenção de diminuir as tensões. O Irã também ressaltou que escolheu alvos fora de áreas povoadas. Em discurso televisionado, um porta-voz das Forças Armadas do Irã afirmou:
— Alertamos nossos inimigos: a era dos ataques-relâmpago acabou.
O ataque do Irã à al-Udeid ocorre após seu ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, se reunir com um aliado fundamental, o presidente russo Vladimir Putin. Embora o líder russo tenha chamado os ataques dos EUA de "agressão absolutamente sem provocação", ele não chegou a oferecer apoio concreto ao Irã.
FONTE: OGLOBO

Emilly
Foto: Atta Kenare / AFP

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