Rebeca Andrade vira maior medalhista do Brasil após conquistar ouro no solo

 Rebeca Andrade vira maior medalhista do Brasil após conquistar ouro no solo

Foto: Getty Images

Rebeca Andrade não cansa de colocar medalhas no pescoço. Após disputa polêmica na trave de equilíbrio, a ginasta de 25 anos desbancou Simone Biles, conquistou o ouro no solo na manhã desta segunda-feira, 5, na Arena Bercy, e chegou aos seis pódios em Jogos Olímpicos, recorde absoluto entre os brasileiros. Essa foi a última atividade da ginástica artística em Paris.

Para voltar ao topo do pódio, a brasileira foi ao tablado ao som de sua mistura de End Of Time, da Beyoncé, Movimento da Sanfoninha, da Anitta, e Baile de Favela, do Mc João. A ginasta de 25 anos recebeu 14.166, com dificuldades de 5.900 e execução de 8.266. Após a apresentação, ela foi flagrada bastante emocionada.

Com a notícia do ouro, o choro deu lugar ao sorriso no rosto da campeã. No entanto, ao ouvir o hino cantada pela Arena Bercy, Rebeca ficou bastante emocionada no topo do pódio e precisou secar as lágrimas de emoção. 

Outras apresentações

Medalha de bronze na trave, Manila Esposito deu início às apresentações do solo. A italiana recebeu 12.133 e logo percebeu que dificilmente voltaria ao pódio ainda nesta manhã. Ela foi seguida pela chinesa Yushan Ou, que tirou 13.000.

Rina Kishi, do Japão, também foi uma das principais a se apresentar e recebeu 13.166. Ana Barbosu, da Romênia, foi bem e tirou 13.700. Campeã da trave de equilíbrio em Paris, Alice D’Amato, da Itália, pistou fora do tablado, perdeu pontos e acabou com 13.600.

Principal concorrente de Rebeca em Paris, Simone Biles também cometeu algumas falhas, incluindo duas pisadas fora do tablado. A norte-americana foi avaliada com 14.133, não passou a brasileira e conquistou a prata. Sabrina Voinea, da Romênia, também brilhou e acabou com 13.700. Jordan Chilles, dos Estados Unidos, foi a última a entrar, cravou 13.766 e levou o bronze.

Manhã polêmica

Mais cedo, Rebeca ficou fora do pódio da trave de equilíbrio e causou revolta dos torcedores na Arena Bercy, que vaiaram o anúncio da nota. Em uma final repleta de quedas, a ginasta, ao lado de Alice D’Amato, da Itália, foi a única a passar ser desequilíbrios. No entanto, os juízes a avaliaram apenas com 13.933 e ela ficou com a quarta colocação.

Uma posição atrás da brasileira, Simone Biles caiu, recebeu 13.100 e não passou do 5º lugar. Após o anúncio da nota de Rebeca, elas foram flagradas conversando com ar de indignação.

Na modalidade, D’Amato levou o ouro com 14.366. Zhou Yaqin, da China, marcou 14.100 e conquistou a prata. Também italiana, Manila Esposito garantiu o bronze com 14.000.

Além de Rebeca, Julia Soares representou o Brasil na final. Em sua primeira final olímpica individual, a paranaense recebeu 12.333 e terminou a disputa na sétima colocação.

Maior medalhista do Brasil

Rebeca Andrade não tem mais ninguém ao seu lado na lista de maiores medalhistas da história do Brasil nos Jogos Olímpicos. Agora com seis pódios, ela deixou os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, com cinco cada, para trás e assumiu o topo da lista. 

Apenas em Paris, essa é a quarta medalha da ginasta. Ela já ganhou o bronze na disputa por equipes e a prata tanto no individual geral quanto no salto, ficando atrás de Simone Biles nas duas. Antes, ela já havia conquistado o ouro do salto e a prata do individual geral em Tóquio-2020. 

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Além de Rebeca, o Brasil tem outro atleta que pode alcançar as seis medalhas. Com quatro medalhas conquistadas nos Jogos do Rio de Janeiro e Tóquio, o canoísta Isaquias Queiroz tem duas categorias para disputar em Paris. 

Das estrelinhas na escola para o topo do mundo

Por trás de tantas conquistas, existe uma história de muito esforço pessoal, apoio e superação. No dia 8 de maio de 1999, Rebeca Rodrigues de Andrade chegava ao mundo. Mais precisamente em Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo. Ela é a caçula dos cinco filhos do primeiro casamento de dona Rosa Santos, 53 anos. Na época, a mãe de Rebeca trabalhava como empregada doméstica. Ela criou as crianças sozinha e, em seu segundo casamento, teve outros três filhos.

Nos primeiros anos de vida, Rebeca já dava indícios do que viria pela frente. Certo dia, a irmã de Rosa, Cida, levou Rebeca, com apenas 5 anos, ao ginásio Bonifácio Cardoso para fazer um teste em um projeto social de formação de novos ginastas. Local onde a tia — por coincidência ou sorte do destino — havia começado a trabalhar como cozinheira.

De cara, a menina encantou, lembra Mônica Barroso dos Anjos, 51 anos, professora de educação física e a primeira treinadora de Rebeca no ginásio e que ainda trabalha no local. “Tinha uma professora ao meu lado e eu falei: ‘Acho que caiu aqui nas nossas mãos uma futura Daiane dos Santos'”.

Rebeca recebeu o apelido de “Daianinha de Guarulhos”. Mas, segundo a treinadora, essa “comparação” ocorreu somente naquele momento, como uma referência. Naquela época, Daiane do Santos era o principal nome da ginástica brasileira e mundial. Ela foi campeã mundial do solo em 2003, além de ter sido a primeira atleta a realizar um duplo twist carpado (Dos Santos I) e um duplo twist esticado (Dos Santos II) – com isso, os movimentos ganharam o nome da atleta.

Fonte: terra.com.br

Redação Beltrão Agora

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