A investigação contra um esquema de policiais militares do Paraná que exigiam propina de motoristas aponta como "laranja" dos suspeitos Jean Carlos Pereira Campos, assessor parlamentar do vereador de Guarapuava Cristóvão da Cruz. A informação é de Pedro Papaiz, promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público e responsável pelas investigações.
De acordo com o promotor, Jean Carlos era o responsável por receber as transferências via Pix que os policiais exigiam de motoristas para evitar a aplicação de multas. Depois de pegar os valores, ele repassava o dinheiro aos policiais.
Durante a operação que revelou o esquema, realizada na terça-feira (3), o Gaeco cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de Jean. Segundo a corporação, na residência foram encontrados itens como munições de calibre .40 e pistolas de airsoft, por exemplo. Por isso, o assessor parlamentar foi preso em flagrante, por posse ilegal de armas/munições.
Em nota, o advogado José Adilson Rodrigues, que representou Jean Carlos no pedido de liberdade provisória, informou que o benefício foi concedido e que ele deve ser solto ainda nesta quarta-feira (4).
"Provavelmente, depois de colocado em liberdade ele deverá contratar um novo advogado para o caso", disse, ao g1.
Em nota divulgada nas redes sociais, o vereador Cristóvão da Cruz disse que desconhecia qualquer ato praticado pelo assessor fora do exercício das funções dele e do horário de trabalho, "especialmente no que diz respeito aos fatos investigados na operação".
De acordo com o Portal da Transparência da Câmara de Vereadores de Guarapuava, Jean Carlos Pereira Campos trabalha na casa desde 2021.
No sistema, consta que ele atuou como coordenador de gabinete parlamentar entre janeiro de 2021 e janeiro de 2025 e, desde fevereiro de 2025, é assessor de gabinete parlamentar.
As informações mais recentes do Portal da Transparência também apontam que ele recebe um salário bruto de R$ 6.280.
Nas redes sociais, Jean Carlos ressalta o trabalho da Polícia Militar e de outras forças de segurança públicas do Paraná. Entre os posts, há fotos vestindo o uniforme de uma empresa de instrução de armamento e tiro.
A operação do Gaeco foi chamada de "Rota 466" porque, segundo o Gaeco, as investigações focam em ações criminosas realizadas pelos policiais na PR-466, rodovia que liga Guarapuava a Pitanga.
De acordo com o promotor Pedro Papaiz, os policiais investigados são das cidades de Guarapuava, Pitanga, Ponta Grossa, Laranjeiras do Sul e Manoel Ribas. Três suspeitos estão na reserva e oito são policiais na ativa. Por enquanto, eles foram afastados das ruas e alocados em serviços administrativos da PM.
Ele explica que o foco inicial foram os policiais militares lotados no posto rodoviário estadual que fica próximo ao distrito de Palmeirinha. No entanto, durante as investigações foram descobertas conexões entre outros policiais e saqueadores, afirma Papaiz.
As investigações apontaram que os policiais abordavam, "sistematicamente", condutores que eram flagrados em alguma infração administrativa de trânsito e exigiam propina para que eles não fosse feita a autuação e aplicada multa.
Segundo o promotor, centenas de transações financeiras suspeitas foram identificadas e cerca de 50 pessoas foram ouvidas. As investigações iniciaram há cerca de dois anos e identificaram mais de 30 crimes, diz Papaiz.
Em nota, a assessoria de comunicação da Polícia Militar do Paraná ressaltou que a Corregedoria da corporação prestou apoio à operação do Gaeco e ressaltou que as diligências incluíram buscas nas residências e locais de trabalho dos investigados, bem como o afastamento cautelar de suas funções públicas.
Fonte: G1 
Karoline
Foto: Reprodução/Redes Sociais

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