Pacientes relatam tortura e cárcere em clínica no Paraná: "Usávamos balde como banheiro"

Foto: reprodução / RICtv

Cinco mulheres foram resgatadas de cárcere privado em uma clínica particular de reabilitação, em Antonina, no Litoral do Paraná. As vítimas eram forçadas a fazer as necessidades em um balde. O gerente foi preso em flagrante após as denúncias. 

Após a repercussão do caso, novas vítimas apareceram. Uma delas contou para a reportagem da RICtv que ficou internada na clínica por 40 dias e que passou quatro vezes pelo chamado “quarto zero”, onde as pacientes eram trancadas como forma de punição. 

“É uma garagem insalubre, onde tem uma cama de casal e uma de solteiro com um colchão fedido. Quando você não está irritada com eles, você entra no quarto e fica à base de medicamentos e pode ficar na cama de casal. O lugar não tem banheiro, tem apenas duas janelas dentro da própria construção, onde eles colocaram tijolos. São dois espaços pequenos onde eles colocavam a ventilação”, disse a paciente. 

Além disso, a paciente revelou que não tinha acesso ao banheiro e que fazia suas necessidades em um pote de maionese. “Na minha época tinha um balde amarelo, ou de cinco ou de 10 litros. Era um balde grande que ficava no canto desse quarto”, explicou.

A mulher falou que chegava a ficar 12 horas presa dentro do quarto, que já foi algemada e era submetida a isso depois que fazia algo que os responsáveis pela clínica não gostavam.

Ela foi internada no local por conta de alcoolismo e ficaria lá até a metade do ano. Porém, quando a mãe e o filho foram visitá- la, perceberam que alguma coisa estava errada e tiraram a mulher do local.

Pacientes da clínica de reabilitação foram retirados no local

A vítima contou também que não tinham outros funcionários na clínica, apenas o gerente. As próprias pacientes eram obrigadas a fazer as tarefas e caso não conseguissem, eram punidas no “quarto zero”. Apesar disso, ela relatou que os donos sabiam do que acontecia no local. 

A clínica não foi fechada imediatamente pela vigilância sanitária, mas os pacientes foram retirados do local dois dias após a operação. 

O que diz a Polícia Civil? 

De acordo com o delegado Emmanuel Lucas, da Polícia Civil do Paraná, o local funcionava como uma prisão e que a clínica não preenchia os requisitos responsáveis para o funcionamento. 

“Na visão deles, as pacientes que não tinham comportamento adequado eram colocadas isoladas como forma de punição. Uma das pacientes nos contou que chegou a se limpar após fazer necessidades com o lençol da cama”, explicou.

O delegado falou também que o gerente disse que a paciente era algemada com algemas hospitalares. “Nós encontramos algemas policiais e ele foi preso por cárcere privado no caso de uma jovem de 22 anos”, concluiu. 

Fonte: RICtv