O Paraná quebrou o recorde de óbitos por dengue no ciclo epidemiológico 2023/2024, quando 742 pessoas morreram no estado devido à doença.
Uma dessas vítimas é o militar aposentado Roberto, que aos 58 anos, contraiu dengue hemorrágica em uma festa da família no interior de São Paulo, em fevereiro de 2024, e morreu três dias depois.
“Meu pai sempre foi a base da nossa família. Até por ser policial militar a gente tinha ele como herói. E pensar que é um mosquitinho. Algo que poderia ser evitado”, explica Roberto Kawasaki, jornalista e filho da vítima.
Somente na Regional de Saúde de Maringá – que contempla 30 municípios, foram registradas 90 mortes por dengue entre os anos de 2015 e 2023. No ano passado, a doença provocou 47 mortes nessas cidades.
Entre os municípios do Paraná, Maringá fica atrás apenas de Londrina e Cascavel em casos confirmados da doença no ciclo anterior. Ao todo, 23.232 registros de dengue foram contabilizados na cidade.
“O ovo, tem no mínimo, a duração de um ano. Então os ovos postos em janeiro do ano passado, que hoje estão em buracos de tijolos ocos, árvores, muros. Quando ele entra em contato com a água surge um novo mosquito”, explica o secretário da Saúde de Maringá, Antônio Carlos Nardi.
Nardi ainda pontua que a população tem um papel fundamental no combate à proliferação da doença.
“As pessoas sempre ficam em alerta quando tem algo muito grave. Nós vimos isso na Covid. Mas a dengue pode ter dois, três anos de epidemia e um de queda. E os anos de epidemia só acontecem porque baixamos a guarda quando há queda”. finaliza.
Retorno de sorotipo é desafio contra dengue no Paraná
Com o retorno do sorotipo 3 desde o último ciclo, a tendência é que o estado possa voltar a registrar 500 mil casos confirmados em 2025.
No ciclo atual, iniciado em 28 de julho de 2024, o Paraná registrou 61.319 notificações, 8.034 casos confirmados e dois óbitos.
Como comparação, no mesmo período do ciclo anterior, o estado registrava 67.120 notificações, 16.693 casos confirmados e três óbitos.
A tendência é que esses números apresentem crescimento constante nas próximas semanas, em especial, pelo aumento de chuvas nos meses de março e abril em todo Paraná.
“A dengue é uma doença endêmica, temos casos durante todo o ano, mas o período de maior concentração de casos notificados tem início em janeiro e normalmente vai até maio, sendo que março e abril concentram o maior número de casos”, reforça a coordenadora da Vigilância Ambiental da Sesa, Ivana Belmonte.
O vírus da dengue possui quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4; e a infecção por um deles amplia a imunidade para ele, mas uma contaminação diferente pode acarretar em novo registro da doença.
Até 2018 houve a predominância do sorotipo DENV-1, em 2019 e 2020 do sorotipo DENV-2 e a partir de 2021 voltou a prevalecer o sorotipo DENV-1. Já em 2024 foi observada a reintrodução da circulação de DENV-3.
No ciclo passado, foram detectados DENV-1, DENV-2 e DENV-3. O DENV-1 teve a maior circulação, representando mais de 80% das amostras tipificadas pelo Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen). Já no atual período há predomínio do sorotipo DENV-2.
“É possível contrair dengue mais de uma vez, por um sorotipo diferente, podendo causar um quadro clínico mais grave”, explica o secretário da Saúde do Paraná, Beto Preto.
Fonte: RICtv
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