Alexandre de Moraes procurou o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para falar sobre o Banco Master, segundo a colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
O ministro abordou Galípolo ao menos quatro vezes, sendo três por telefone e uma presencialmente.
Uma das fontes afirmou ter ouvido do próprio ministro sobre o encontro, enquanto as outras cinco souberam dos contatos por meio de integrantes do BC.
As conversas ocorreram em um momento no qual o BC ainda analisava a possível venda do Master para o Banco de Brasília (BRB).
A operação não se concretizou e o Banco Master foi liquidado pelo próprio Banco Central.
Segundo as fontes, Moraes teria dito que gostava de Daniel Vorcaro e afirmou que a empresa dele sofria resistência por tomar espaço dos grandes bancos.
Galípolo teria respondido que os técnicos da autarquia haviam identificado fraudes no repasse de cerca de R$12,2 bilhões em créditos do Master para o BRB, informação que inviabilizaria a aprovação do negócio.
Diante disso, conforme os relatos, Moraes teria reconhecido que uma autorização não seria possível caso as irregularidades fossem comprovadas.
Em nota, o ministro afirmou que teve reuniões com o presidente do Banco Central, mas foram exclusivamente sobre a Lei Magnitsky, à qual ficou sujeito entre os meses de julho e dezembro:
"O Ministro Alexandre de Moraes esclarece que, em virtude da aplicação da Lei Magnitsky, recebeu para reuniões o presidente do Banco Central, a presidente do Banco do Brasil, o Presidente e o vice-presidente Jurídico do Banco Itaú", diz a nota.
A possível relação entre o Banco Master e Alexandre de Moraes vai além desses pedidos de ajuda ao Banco Central.
O contrato da esposa e a suspeita de conflito de interesses
O escritório de advocacia da esposa de Moraes, Viviane Barci de Moraes, tinha um contrato com a empresa.
O contrato previa pagamentos mensais de R$3,6 milhões entre 2024 e 2027, totalizando aproximadamente R$130 milhões.
O escritório representava os interesses do Master e de Daniel Vorcaro em diversos espaços, incluindo:
Banco Central;
Receita Federal;
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade); no Congresso Nacional.
No entanto, informações prestadas via Lei de Acesso à Informação indicam que nem o Cade nem o BC registraram ações do escritório em favor do banco.
A Polícia Federal encontrou o contrato no celular de Vorcaro durante a Operação Compliance Zero, que resultou na prisão preventiva do banqueiro e de outros executivos.
Com a liquidação extrajudicial decretada pelo BC em 18 de novembro, os pagamentos do contrato foram interrompidos.
Reações no Congresso e apelos por investigação
A divulgação dos detalhes dos contatos e do contrato gerou debates imediatamente em Brasília.
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou que o episódio configura um conflito de interesses.
O parlamentar também defendeu a eleição de pessoas dispostas a fazer reformas no Judiciário para 2026.
Já o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) anunciou que vai coletar assinaturas para investigar formalmente a contratação do escritório de Viviane Barci de Moraes.
Ele também afirmou que o relato das conversas com Galípolo apontaria uma “atuação direta do ministro em favor do banco”.
O presidente do Banco Central nega que tenha sido pressionado por Moraes para tomar decisões favoráveis ao Master.
O processo corre em segredo após decisão do ministro Dias Tóffoli, que causou polêmica ao viajar para a final da Libertadores no mesmo jato que o advogado de um dos investigados.
Fonte: Brasil Paralelo
Foto: Metrópoles

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