Georeferenciamento, mapeamentos com uso de drones de alta tecnologia, imagens de satélites e muita ciência de dados. Estes são os ingredientes principais do setor de Geointeligência do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), criado neste ano para provar que a inovação faz parte de tudo o que a instituição faz.
A área nasceu do antigo setor de Inovação que já existia há dez anos, e se tornou Geointeligência na atualização do regimento do Simepar, no primeiro semestre de 2025. O novo setor utiliza dados geoespaciais, ciência aplicada e tecnologia para apoiar políticas públicas e decisões importantes para o monitoramento ambiental em todas as áreas de atuação do Simepar, em todo o país.
Gabriel Henrique de Almeida Pereira, Flavio Deppe, Bernardo Lipski e Elizabete Peixoto são os pesquisadores, acompanhados de 40 bolsistas e quatro profissionais terceirizados. “É um time multidisciplinar, que atua em várias frentes: processamento geoespacial, monitoramento ambiental e automação de processos técnicos. Essa atuação é transversal e colaborativa. Trabalhamos de forma integrada com as áreas de meteorologia, hidrologia, tecnologia da informação e infraestrutura, unindo diferentes expertises para transformar dados em informação qualificada”, explica Elizabete, que além de atuar como pesquisadora nos projetos é a gerente de Geointeligência do Simepar.
PROJETOS - Os projetos demonstram como o setor funciona. O uso de sensoriamento remoto com imagens multitemporais da equipe ajudou na identificação e cadastro de mais de 2.900 barragens no Instituto Água e Terra (IAT). O projeto Estágio Barragens terminou com mais de dois mil relatórios de visitas entregues, e 1.750 classificações de Dano Potencial Associado realizadas.
Liderado por Gabriel, o time de Geointeligência do Simepar criou e opera o sistema VFogo para instituições como o Operador Nacional do Sistema, para o IAT e para a Defesa Civil, monitorando focos de calor que podem se tornar incêndios florestais. A equipe informa os órgãos responsáveis assim que um foco de calor grande é detectado, facilitando as ações de combate ao incêndio.
Também em parceria com o IAT, o Simepar faz o mapeamento das Áreas Estratégicas Para Conservação e Restauração (AECR) no Paraná. São corredores de biodiversidade que conectam os remanescentes florestais - áreas que necessitam de proteção. O mapeamento é capaz de mostrar o estado de degradação dos remanescentes, e o trabalho auxilia na criação de políticas públicas.
Sob o comando de Flávio, o Simepar apoia, no Cadastro Ambiental Rural (CAR), as análises por equipe de propriedades acima de quatro módulos fiscais utilizando o GeoSicar, com imagens de satélite e mapeamentos da área cadastrada. O IAT realiza a “análise dinamizada” para propriedades abaixo de quatro módulos fiscais para diagnosticar se a propriedade está de acordo com a legislação, protegendo assim as áreas de possíveis apropriações ilegais. O CAR é um registro público eletrônico dos imóveis rurais preenchido pelos proprietários, que aponta o status ambiental de áreas que podem ser de reservas legais ou de preservação permanente.
O time de Geointeligência do Simepar também está gerando uma definição de “estoque de florestas”: se um proprietário precisa realizar uma regeneração, recuperação de área degradada, mas não tiver espaço, não precisa fazer na sua propriedade: poderá fazer em outra área já mapeada e compensar o prejuízo causado. Além disso, através do projeto Pro Biodiversidade, o Simepar faz um inventário de carbono das Unidades de Conservação e estimativas de carbono dos remanescentes florestais.
A equipe ainda oferece apoio ao Governo do Paraná nos mapeamentos, parametrização dos dados e informações que são utilizadas no ICMS Ecológico. É um instrumento de política pública criado no Paraná em 1991, para repasse de recursos financeiros aos municípios que abrigam em seus territórios unidades de conservação ou mananciais para abastecimento de cidades vizinhas. O município que ajuda, é compensado com recursos tributários.
MERCADOS - A Geointeligência atende tanto o mercado público, monitorando o meio ambiente e protegendo a população, quanto o mercado privado, atendendo indústrias e o agronegócio. O time faz vistorias de barragens para empresas como a Klabin, fazendo inspeções e medindo o Dano Potencial Associado. Já no agronegócio, liderado por Bernardo, o time desenvolve o IrrigaSIM, um projeto estratégico do Governo do Estado voltado para a irrigação sustentável em parceria com o Daugherty Water for Food Global Institute, da Universidade do Nebraska.
Outra plataforma voltada para o agronegócio, o Simeagro, também foi lançada pelo Simepar em dezembro. O produto atende cooperativas para previsão do tempo e análises a longo prazo dos impactos do tempo na produção.
O time da Geointeligência também participou do laudo técnico da classificação dos três tornados que atingiram onze municípios paranaenses em novembro deste ano: As análises meteorológicas, baseadas em imagens de satélite e radar, foram corroboradas pela utilização combinada de imagens de satélite e de imagens aéreas, que foram fundamentais para identificação dos padrões macros de alteração da paisagem e de danos mais específicos. A análise multiespectral ajudou a delimitar as trilhas dos tornados.
“Utilizamos dados de satélites, drones equipados com sensores slider e multiespectrais, além de modelos climáticos e hidrológicos. A partir dessas informações, produzimos indicadores, mapas e sistemas que apoiam órgãos públicos, concessionários, instituições e pesquisas. Mais do que gerar dados, a Geointeligência transforma a informação em decisão. Ela fortalece o papel do Simepar com uma instituição de referência em ciência, tecnologia e inovação, aplicada à gestão do território e à proteção do meio ambiente”, ressalta Elizabete.
Fonte: AEN
Foto: Yuri A. F. Marcinik

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