O hipotireoidismo é uma das doenças endócrinas mais comuns na vida adulta e ocorre quando a glândula tireoide produz menos hormônios do que o corpo necessita.
A condição costuma evoluir de forma lenta e seus sinais podem ser confundidos com cansaço, estresse ou envelhecimento natural. Sem tratamento, porém, o impacto na saúde é significativo.
A tireoide é responsável pela produção dos hormônios T3 e T4, que regulam o metabolismo. Segundo a endocrinologista Danielle Macellaro, do Hospital Israelita Albert Einstein, a baixa concentração dessas substâncias reduz o gasto energético do organismo.
Como resultado, o corpo passa a funcionar de forma mais lenta, o que interfere na disposição, na capacidade de concentração e até no peso.
A médica ressalta que o hipotireoidismo é diferente do hipertireoidismo. Enquanto o primeiro ocorre pela falta de hormônios tireoidianos, o segundo aparece quando há produção excessiva dessas substâncias.
Segundo o Ministério da Sáude, o hipotireoidismo afeta aproximadamente 18 milhões de pessoas no Brasil. Estima-se que uma em cada dez mulheres acima dos 40 anos tenha algum grau de disfunção tireoidiana. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para reduzir sintomas, melhorar a qualidade de vida e evitar complicações.
Para conscientizar sobre a doença, a médica respondeu cinco dúvidas que podem surgir em pacientes sobre a condição de saúde.
1. Quais são as causas do hipotireoidismo?
A mpedica explica que, na maioria dos casos, o hipotireoidismo é provocado pela Tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune. Nessa condição, o próprio sistema imunológico passa a atacar as células da tireoide. Com o tempo, a glândula perde a capacidade de produzir hormônios em quantidade suficiente.
Outras causas também podem levar ao problema:
Cirurgias na tireoide, que removem total ou parcialmente a glândula;
Deficiência de iodo, essencial para a produção dos hormônios. O Brasil adiciona iodo ao sal de cozinha justamente para prevenir a deficiência nutricional desse mineral;
Inflamações temporárias, como as que ocorrem após o parto, após infecções virais ou em quadros de tireoidite.
2. O hipotireoidismo engorda?
Segundo Macellaro, o ganho de peso é um dos sintomas possíveis. A falta de hormônios reduz o ritmo do metabolismo e favorece a retenção de líquidos, o que pode levar ao aumento discreto na balança. No entanto, ela destaca que o ganho de peso associado ao hipotireoidismo costuma ser moderado.
Além disso, a condição provoca outros sinais, como:
inchaço nos membros;
cansaço constante;
pele seca;
queda ou quebra dos cabelos;
sensação de frio;
humor deprimido;
lentidão na fala;
voz rouca.
Esses sintomas surgem de forma progressiva e podem variar de pessoa para pessoa.
3. Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é simples e envolve consulta clínica e exame de sangue. O teste principal mede o hormônio TSH (tireoestimulante), produzido pela hipófise.Quando a tireoide produz poucos hormônios, o organismo aumenta a liberação de TSH na tentativa de estimular a glândula. Assim, TSH alto costuma indicar hipotireoidismo.
O médico também pode solicitar exames de T3 e T4 para complementar a avaliação, além de ultrassonografia da tireoide para analisar sua estrutura, identificar nódulos ou investigar inflamações.
4. O tratamento é para a vida toda?
Na maioria dos casos, sim. Macellaro relata que por ser uma condição autoimune crônica, o hipotireoidismo exige tratamento contínuo. A base do cuidado é a reposição hormonal com levotiroxina, um hormônio sintético que substitui o T4 produzido pela tireoide.
A medicação deve ser tomada em jejum e em horário fixo. Substâncias presentes em suplementos de ferro, cálcio e alguns medicamentos podem interferir na absorção da levotiroxina, por isso o acompanhamento médico é essencial para ajustes de dose.
5. É possível prevenir o hipotireoidismo?
Não há formas conhecidas de prevenir totalmente a doença, especialmente quando ela tem origem autoimune. No entanto, manter hábitos saudáveis pode favorecer o bom funcionamento da tireoide e ajudar na recuperação:
alimentação equilibrada e rica em nutrientes;
consumo adequado de iodo, presente em peixes, laticínios, ovos e algas;
acompanhamento médico regular;
atenção aos sintomas, especialmente após os 40 anos.
Fonte: ND+
Foto: Reprodução/ND Mais

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