Pesquisa trata diabetes matando células “zumbis” de vasos sanguíneos

Foto: Metrópoles

Células que se comportam como zumbis podem estar por trás de disfunções metabólicas que atrapalham o controle da glicose no sangue e acabam intensificando quadros de diabetes. É o que revela um estudo publicado na quinta-feira (20/11) na revista Cell Metabolism.

A pesquisa associou o envelhecimento de células p16+, que compõem a parede dos vasos sanguíneos, a uma incapacidade de operar corretamente seus balanços energéticos, o que acaba gerando uma reação inflamatória em cadeia, reduzindo a tolerância à glicose.

Como foi feito o estudo?

O estudo foi feito com camundongos alimentados com uma dieta rica em gordura, e os resultados indicaram uma ligação entre o envelhecimento vascular e a piora metabólica. Foi identificado um maior aumento de peso em animais que tinham células mais velhas e incapacitadas.

Ao induzir a limpeza destas células mortas, houve uma redução de marcadores inflamatórios e de níveis de açúcar. Ou seja, segundo os pesquisadores, as células p16+ envelhecidas não apenas não executavam suas funções, como também trabalhavam contra o próprio metabolismo.

Para tirar a prova, o estudo ainda usou animais magros que receberam transplante de células endoteliais “zumbis”. O procedimento elevou a glicose no sangue e desencadeou sinais de resistência mesmo em organismos saudáveis.

No estudo, os pesquisadores descobriram que as células p16⁺ zumbificadas liberam moléculas inflamatórias conhecidas como SASP. Esse conjunto de sinais altera a absorção de glicose e gordura por tecidos. Com isso, órgãos deixam de metabolizar nutrientes de forma eficiente.

A inflamação resultante gera efeito cascata no organismo. Dados mostraram que tecidos afetados perdem capacidade de responder a variações de glicose, o que pode prejudicar pacientes que tenham diabetes ou pré-diabetes e pode explicar como o risco metabólico avança com a idade.

Na fase final, o estudo testou qual seria a melhor forma de eliminar as células envelhecidas. A fisetina, um senolítico, apresentou boas respostas e ajudou a melhorar os níveis de glicose em todos os animais que a receberam.

Os pesquisadores também testaram a fisetina em amostras de tecido humano de adultos obesos e perceberam redução de marcadores de inflamação após exposição ao remédio. O estudo abre caminho para pesquisas clínicas que testem a teoria em humanos.

Fonte: Metropoles