A aplicação de uma caneta pressurizada que prometia reduzir celulites fez com que a modelo Karim Kamada, de 51 anos, buscasse o procedimento estético em Jaraguá do Sul, no Norte catarinense, como um presente. Mas, o que ela não esperava era ter a pele do bumbum e coxas necrosada.
A modelo denunciou a esteticista Vanderléia de Fátima Andrade Santos, de 46 anos, à Vigilância Sanitária do município e registrou boletim de ocorrência na polícia. Karim, que já passou por duas cirurgias, vive há três meses com fortes dores, sob antibióticos e acompanhamento médico.
A vítima pagou R$ 880,00 e aponta o manuseio incorreto da substância aplicada, que seria de uso externo, mas foi introduzido no bumbum e coxa. Com o tempo, apareceram lesões que evoluíram para inflamações severas, nódulos e celulite infecciosa. Uma delas se tornou um abscesso necrosado.
Procurada pelo portal ND Mais, a esteticista que trabalha de forma autônoma e não em clínica, disse que se pronunciaria por meio da advogada, mas não houve retorno.
“Encontrei a profissional por meio de um anúncio patrocinado no Instagram. As aplicações iniciaram em maio, duas vezes por semana. Após algumas sessões, começaram a surgir dores intensas, vermelhidão e febre. Mesmo relatando os sintomas, a profissional afirmava que era normal”, lembra a Karim.
A modelo relata que a esteticista chegou a reconhecer a gravidade do caso e se comprometeu, verbalmente, a reembolsar os valores gastos com o tratamento médico, que estariam em mais de R$ 3 mil, sem contar com a cirurgias, mas isso nunca aconteceu.
Karim conta que após 27 anos sem modelar, estava retomando à carreira, cuidando intensamente da saúde e do corpo. Mas, para acelerar os resultados e se “livrar” da celulite e gordura localizada, optou pelo procedimento estético em maio desse ano.
“Sempre me dei de presente, uma vez por ano, um procedimento estético, facial ou corporal. Eu via isso como autocuidado, só que desta vez, por ser algo menos invasivo, decidi fazer sem checar as credenciais da esteticista”, explica.
A caneta pressurizada com enzimas seria menos invasiva e foi vendida pela esteticista como um método seguro e sem riscos. “Em nenhum momento a profissional me alertou ou assinei algum termo que previa algo relacionado, também não preenchi ficha de anamnese”.
Karim já passou por duas cirurgias se segue com as consultas médicas para novos procedimentos como a retirar pontos, além de acompanhar a evolução dos abcessos.
“Ela falava que tudo que eu estava passando ‘era normal’. São três meses que a minha vida parou. Vivo em tratamento contínuo, utilizando antibióticos e outros medicamentos, além do acompanhamento médico”.
Quando buscou a profissional para relatar o problema, a modelo percebeu que ela não sabia como proceder sobre o caso, “enrolando” para responder aos questionamentos de Karim sobre o produto utilizado.
“Ela foi extremamente querida quando aconteceu. Mas aí ela começou a dizer ‘ah, isso é normal’, foi então vi que ela não sabia o que fazer”.
Denúncia e porta fechada
Nas redes sociais, a profissional anuncia os seguintes procedimentos estéticos: drenagem tailandesa e linfática, massagem modeladora, localizada e relaxante com pedras quentes, tratamento facial completo, massagem somática, massagem 360, detox corporal, lipocavitação, aplicação de colágeno, enzimas e todos os injetáveis bioestimuladores corporais.
Em julho, a Vigilância Sanitária foi até o local onde a esteticista atuava, interditando o espaço por falta de documentação como alvará sanitário e outros. No entanto, mesmo após a proibição, a profissional continuou atuando, provocando nova investida do órgão em setembro.
“Ela me atendeu em um lugar e depois do procedimento estético virar um problema, ela começou a mudar de endereço. A última vez, estava alugando uma sala em um prédio”, disse.
Karim não sabe exatamente qual substância foi aplicada e até hoje, nunca recebeu nota fiscal do produto. A Polícia Civil vai investigar o caso.
Fonte: ND+
Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/ND

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