Líder de movimentos sociais no Paraná é assassinada a tiros

Foto: Renata Brasileiro Franco

A líder comunitária e de movimentos sociais Dona Iracema Correia dos Santos, de 64 anos, foi assassinada a tiros na noite de quinta-feira (19), em sua casa na cidade de Pinhão, na região Sul do Paraná. Ela era uma das líderes da defesa dos direitos territoriais dos povos faxinalenses. Dona Iracema, como era amplamente conhecida, dedicou sua vida à proteção dos povos tradicionais e à preservação ambiental, sendo uma referência em sua comunidade.

De acordo com a nota conjunta, divulgada pela APF e pelo Núcleo em Defesa dos Direitos de Povos e Comunidades Tradicionais (NUPOVOS/IFPR), as circunstâncias do assassinato de Dona Iracema sugerem um possível crime motivado por disputas de terra, uma vez que a líder vinha sofrendo ameaças e intimidações desde 2006. O nome dela, inclusive, constava no Caderno de Conflitos do Campo da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

As duas entidades exigem uma investigação rigorosa por parte da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná e pedem o apoio do governo federal para garantir proteção e justiça aos povos faxinalenses e a todos os povos tradicionais do Paraná. A Defensoria Pública do Estado Paraná (DPE) abriu procedimento para acompanhar a investigação da Polícia Civil sobre o assassinato de Dona Iracema.

Desde 2005, Dona Iracema azia parte da Articulação dos Povos Faxinalenses (APF), atuando nos coletivos de educação e território. Ela lutava pela demarcação e preservação das terras faxinalenses era constante, assim como sua militância pela construção de uma escola municipal na comunidade — uma reivindicação que nunca foi atendida pela prefeitura de Pinhão.

A Defensoria Pública do Estado Paraná (DPE) divulgou nota de pesar pela morte da Dona Iracema. “A DPE reitera seu compromisso inabalável com a defesa dos direitos humanos e a proteção dos povos tradicionais, destacando que o uso da violência para resolução de qualquer conflito é absolutamente inaceitável. A A DPE-PR, por meio de seus Núcleos de Promoção Étnico-Racial (NUPIER), de Questões Fundiárias e Urbanísticas (NUFURB), da Infância e da Juventude (NUDIJ) e de Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH), vinha atuando na defesa da comunidade faxinalense e na construção de políticas públicas voltadas à preservação ambiental, proteção cultural e acesso à educação. Esses núcleos seguirão acompanhando as investigações e cobrando rigor na apuração dos fatos”, diz a nota.

A instituição expressa solidariedade à família de Dona Iracema, à comunidade do Faxinal Bom Retiro e a todos que defendem os direitos humanos. Reafirmamos nosso compromisso de atuar de forma vigilante na proteção dos povos tradicionais e na promoção da justiça.

Fonte: Bem Paraná