Guru preso no Paraná é acusado de estupro, tortura e abuso psicológico contra mulheres

Reprodução/Redes Sociais

O guru Uberto Gama, preso por suspeita de violência sexual, também é acusado de praticar crimes como violência psicológica, estupro de vulnerável e tortura, conforme apurado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR)

Entre os indicativos da dominação religiosa e pessoal que o guru tinha em relação aos seguidores, a promotora Tarcila Santos aponta o arranjo de casamentos entre os participantes do clã que liderava.

Na nova denúncia oferecida pelo MPPR, foi apontado que ao menos 20 novos crimes sexuais foram cometidos contra 16 vítimas. Nos casos envolvendo estupro de vulnerável, a suspeita é de que o crime tenha sido praticado contra vítimas com menos de 14 anos na época dos fatos.

Segundo o MP, o novo documento denunciou Uberto Gama por cometer:

Conforme o órgão, o homem, de 63 anos, usava a posição de "líder espiritual" para manipular as vítimas e praticar uma série de crimes sexuais, que aconteciam especialmente em uma chácara de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba.

De acordo com a investigação, os crimes aconteceram entre 2005 e 2024, tanto na chácara quanto em uma clínica localizada na capital paranaense, onde o guru atuava como psicanalista.

Uberto está preso desde abril, quando foi encontrado em Florianópolis, durante uma Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco). O processo tramita sob sigilo. O g1 tenta localizar a defesa de Uberto Gama.

Saiba como o guru agia

Conforme o MP, os crimes foram cometidos em concurso material e de forma continuada. Segundo a promotora, Uberto Gama atuava dessa forma há cerca de 20 anos.

"Ele incutia nas vítimas a ideia de que ele as estava escolhendo isoladamente, para que ele emprestasse a elas a energia dele como líder, como ser espiritualizado, elevado, que já não tem mais apego às questões carnais, e que ele estava fazendo isso por elas", detalha a promotora.

De acordo com Teixeira, quando as vítimas questionavam as ações do guru, ele recorria a apelos emocionais, como dificuldade para engravidar, filhos com problemas de saúde, conflitos conjugais, entre outros.

"Quando elas colocavam a mínima dúvida, a mínima indagação, ele as quebrava, porque ele dizia: 'Você duvida. Quem duvida não merece elevação. Você não merece o que eu estou fazendo por você. Você não está pronta para esse crescimento espiritual'. E isso as fragilizava ainda mais, porque daí elas começavam a achar que realmente elas tinham que permitir, porque era aquilo que elas precisavam para vida delas", afirma.

Segundo a promotora, o guru ainda é suspeito de usar da posição religiosa para arranjar casamentos entre os participantes do clã que liderava no Paraná.

"Os casamentos eram aprovados por ele, inclusive muitos arranjados por ele. A profissão que a pessoa ia desenvolver, o negócio que ia fazer, tudo tinha que passar por ele. Havia uma dominação religiosa, espiritual... Uma doutrinação que dominava completamente essas pessoas", afirma.

Investigação

As investigações que levaram à prisão de Uberto Gama começaram depois que cinco vítimas procuraram o MP e denunciaram o homem. A princípio ele respondia por violação sexual mediante fraude, que se configura quando não há o emprego de violência física ou grave ameaça, mas como fraude como meio de obtenção do ato sexual.

Depois que o caso veio a público, outras vítimas procuraram as autoridades e relataram situações semelhantes, que levaram a denúncia de outros crimes.

O MP reforça que outras possíveis vítimas podem fazer denúncias na sede do Núcleo de Apoio à Vítima de Estupro (Naves), na Rua Marechal Hermes, 751, 5º andar.

Fonte: G1