Diretor de hospital investigado por negligência médica é suspeito por lesão corporal grave, após paciente parar na UTI por infecção
O diretor médico de um hospital de Manoel Ribas, na região central do Paraná, foi indiciado por lesão corporal grave e fraude processual devido a um procedimento feito em um paciente, segundo a Polícia Civil.
As investigações iniciaram após denúncia anônima apontar que o profissional teria realizado um procedimento inadequado e sem a cautela necessária, explica a corporação.
O g1 apurou que o caso é relacionado ao diretor do hospital municipal Santo Antônio.
Segundo o delegado Mateus Macêdo, o caso aconteceu no dia 20 de janeiro e o inquérito, que apurava a negligência médica, foi finalizado nesta quinta-feira (11).
“Apuramos que a vítima foi realizar um procedimento de drenagem de um abscesso no hospital, que possui centro cirúrgico. Contudo, o médico fez a retirada em um consultório em frente ao banheiro do local, sem os devidos cuidados. Conforme relato do próprio paciente, ele ainda apoiou os bisturis antes de fazer o procedimento em uma escada de acesso à maca da paciente, sem qualquer tipo de esterilização”, explica o delegado Macêdo.
A equipe de investigação alega que, após o atendimento, o paciente contraiu uma bactéria que o deixou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) durante nove dias.
A polícia também afirma que “o suspeito ainda atuou para impedir o progresso das investigações, alterando laudos”.
“Durante as diligências, a equipe policial ainda apurou que o prontuário solicitado pela equipe estava diferente do que é encaminhado normalmente. Na leitura do respectivo, notava-se que o conteúdo estava divergente das imagens retiradas ainda no local após o atendimento e do relatado pela vítima e sua acompanhante”, detalha a Polícia Civil.
O nome do paciente e do médico não foram revelados.
O profissional foi indiciado pelos crimes de lesão corporal grave realizado mediante dolo eventual, ocasião em que incorreu no crime de fraude processual.
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público (MP), que pode, ou não, fazer a denúncia para a Justiça.
A defesa do médico afirma que vai prestar “todos os esclarecimentos em juízo”.
Afastamento do hospital
O delegado Mateus Macêdo explica que o diretor médico chegou a ser afastado do hospital por 30 dias, após a Justiça atender pedido feito pela polícia, mas que atualmente o profissional está trabalhando normalmente.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) informou que foi notificado pela apolícia a respeito da denúncia e “está tomando todas as providências cabíveis”.
“Conforme determinação do Código de Processo Ético-Profissional, o trâmite dos procedimentos ocorre sob sigilo, assegurando-se os requisitos de contraditório e ampla defesa”, afirma o texto.
O g1 entrou em contato com a prefeitura municipal questionando o afastamento e detalhes da contratação do médico e também o posicionamento do Município frente ao indiciamento e aguarda retorno.
Fonte: g1.com